É consenso entre empresários e empreendedores que o Brasil precisa modernizar a infraestrutura nacional se quiser destravar o desenvolvimento de sua indústria, retomar o crescimento da economia e gerar empregos. Com esta premissa em mente, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) encomendou uma pesquisa entre os industriais brasileiros para entender exatamente quais as prioridades do setor em termos de investimentos. E o resultado não poderia ser mais claro: 73% dos entrevistados acredita ser o Transporte de mercadorias o maior gargalo do país.
A pesquisa encomendada pela CNI foi realizada pelo Instituto FSB Pesquisa, que entrevistou 2.500 executivos de grandes e médias empresas industriais, nas 27 unidades da Federação, sendo 500 em cada região. O trabalho de campo foi feito entre os dias 23 de junho e 9 de agosto de 2022. A margem de erro é de 2 pontos percentuais para mais ou para menos, com intervalo de confiança de 95%.
O levantamento mostra que 38% das indústrias trocariam o frete rodoviário por outro tipo de transporte, caso houvesse iguais condições estruturais entre os modais. Os dados revelam que as ferrovias seriam a primeira alternativa para 28,5% dos industriais brasileiros para transferir suas operações de escoamento de produtos. A troca de modal só não é feita porque os empresários avaliam que hoje o setor ferroviário apresenta as piores condições entre os tipos de transportes – 31% consideram esse modal ruim ou péssimo.
Atualmente, somente 8% das indústrias usam as ferrovias para transportar suas produções. Desses, 63% classificam o serviço prestado pelos trens como regulares, ruins ou péssimos, enquanto 31% dizem se 31% dizem ser bom ou ótimo. A pesquisa revela que 99% das empresas utilizam os caminhões; 46% usam em algum momento o transporte aéreo; e 45%, o portuário. Na sequência, aparecem a cabotagem (13%) e hidrovias (12%).
“O Brasil tem potencial para o transporte de cabotagem, hidroviário e ferroviário, especialmente depois da criação do Programa BR do Mar e da aprovação do novo marco legal de ferrovias. Temos um grande potencial para equilibrar melhor a nossa matriz de transportes”, destaca Matheus de Castro, gerente de Transporte e Mobilidade Urbana da CNI. “Nenhum outro país continental como o Brasil utiliza tanto o transporte rodoviário como a forma principal da movimentação de cargas e de pessoas. Não faz sentido o modal rodoviário ser tão utilizado em distâncias longas”, acrescenta.
Um importante passo dado pelo país no sentido de modernizar sua infraestrutura foram as recentes aprovações de marcos legais como o do saneamento básico, do gás natural e das ferrovias. A definição de regras claras e o consequente aumento da segurança jurídica atrai investidores nacionais e estrangeiros.
(fonte: revista veja insights)